quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Injustamente.



Minha prima Patrícia, desde á muito que ando para te escrever, mas nunca tive coragem, força, nem tão pouco “sentimento” para o fazer, sinceramente é tudo difícil, sinto raiva de mim própria por ter sido e continuar a ser tantas vezes injusta para contigo, mas são actos que vêm do meu interior que como disse não tenho forças suficientes para os fazer parar, para os deter! Sabes, falar de ti, descrever-te, exprimir o que sinto em relação a ti, dá-me arrepios, dá-me medos, por me relembrar de tudo o que já passas-te com a tua idade, e de tudo o que eu própria ainda te faço passar. Quero escrever até não parar, desejo gritar para te poder ajudar, anseio por te dar uma explicação pelo meu sentimento, pelos meus vários comportamentos, mas é quase impossível amor, não consigo, o medo aterroriza-me, os arrepios descontrolam-me, e existem lágrimas a quererem escorrer pela minha face, mas eu faço força para isso não acontecer porque sei que estás aqui deitadinha ao meu lado, e não me queres ver triste, mas se sentires uma lágrima minha não fales, não te mexas, não me abraces, não grites, simplesmente mantêm-te assim como estás, bem aconchegada a mim, sinto-me bem assim, “está quentinho e tudo”. Estas lágrimas devem-se a muito, muito esse inexplicável, algumas delas devem-se à raiva que corre no meu interior, mas, simplesmente quero ser sincera mas tenho medo de te magoar, mas eu sei que vais compreender, sei que és o forte o suficiente. Sabes quando eu notei que iria ter alguém mais na minha casa, que ocuparia muitos dos meus espaços, que me iria também ocupar um lugar na cama, e um lugar no coração da minha mãe senti ciúmes, fui demasiado egoísta, não te quis, pois sentia que tu não pertencias aqui, que eu sim era a perfeita e tu não, tu continuavas com a tua irmã a sofrer, sempre que me recordo do meu comportamento apetece-me desaparecer, fugir, até morrer, tu não merecias, não merecias eu ter sido assim…  Passaram dias e dias, horas e horas, minutos e minutos, segundos e segundos e eu não parava de pensar que ias começar a ocupar o “meu” lugar, não sabia que fazer, sentia-me num terror, pois estava a viver sem pensar em mais ninguém, simplesmente em mim, e não me lembrava que a minha prima, a minha pita, precisava de mim, precisava de uma casa, precisava de uma “nova” família, até que chegou um dia e a minha mãe fez-me a pergunta final: “aceitas a tua prima, que tanto precisa de ti?”, eu apenas disse: “sim, ela vai ser alguém na vida, porque eu quero, porque um dia vai dizer que nós sim fomos bons para ele, que nós sim estamos aqui, ela merece isto, e muito mais”, e desatei a chorar, de alegria pois sabia que estava a cometer o certo, foi a escolha mais acertada até hoje na minha vida, acredita, senti que “finalmente” irias conseguir ser feliz, graças a mim! Naquela altura, fui tão má, não sei como fui capaz, sinceramente naqueles momentos não me conheci amor, e peço-te imensa desculpa por tudo o que te fiz, o que te disse, sei que te magoei bastante, e que houve muito sofrimento mas não foi só da tua parte, acredita!
Hoje, grito bem alto, que tenho uma irmã mais nova, que tenho a melhor amiga comigo, a melhor confidente, resumidamente a minha MAIS-QUE-TUDO, acredita minha irmã és-me tudo, já não me imagino a viver sem os teus beijinhos, os teus abraços, sem as tuas conversas sem nexos nenhuns, já nem consigo dormir sem sentir-te aqui a meu lado, sem tocar na tua carinha fofinha enquanto dormes, se agora fosses embora não iria mais viver, a minha vida não continha mais razões, mais incentivos, sim porque hoje sim admito que vivo para ver-te crescer, ver-te feliz, ver-te cada dia que passa com aquele enorme sorriso, que durante a tua infância não o vi, aliás vi, mas não tão sentido por várias razões das quais um dia que queiras falar, desabafar, ou até gritar eu estarei aqui, prometo, prometo mesmo amor.
Sei que um dia, vamos ambas crescer, seguir rumos de vida diferentes, talvez até me deixarás, talvez até eu te deixarei, não sabemos, apenas duma coisa eu sei, serás feliz porque é o que eu peço e sempre que precisares de algo grita por mim, ou pela tua irmã apesar de tudo ela te ama imenso, e sente muito a tua falta, por metade sinto que te tirei dela, mas como tudo na vida, é injusto, é injusto ela estar sem ti sim, mas era injusto não seres feliz amor, e sei que um dia nós nos juntaremos as três e riremos disto tudo! Podes agora não compreender metade deste “excerto”, mas um dia vais o voltar a ler, e vais ver que tudo tem sentido, pode agora não ter, mas um dia irás ver minha irmã! Sabes bem, estarei aqui SEMPRE, para falar, para acariciar, para rir, para chorar, para gritar, para abraçar, para ensinar, para discutir, para me chatear contigo, para limpar, para sujar, para experimentar, para contar, para ouvir, para escutar, para tudo, TUDO mesmo, é uma promessa, junto de uma corrente, corrente essa que só vai quebrar, quando meu coração deixar de bater, quando já não sentires a minha respiração, quando já não ouvires minha voz a chamar por ti, quando já não me sentires.



Não te esqueças, eu amo-te minha “irmã”!

I love you and I miss you , grandfather ! :c



Meu querido avô, espero te  encontrar bem e feliz estejas tu onde estiveres, hoje lembrei-me de ti, lembrei-me por uma má razão pois fui ao hospital com um entorse no pé, e fui fazer um rx, entretanto tive que aguardar sentada numa cadeira pelo médico, olho para o lado e vejo um idoso numa cadeirinha de rodas, a soro, e estava com a sua neta a fazer tal e qual o que tu fazias, a tirar a agulha do soro e a dizer para se ir embora! Sabes avô, quando te foste embora daqui, não tive a noção da gravidade foi estranho não acreditei que tinhas ido que me tinhas deixado, que já não ia ter o meu avô, lá em casa a chamar pelo meu nome e a ensinar-me a fazer contas de multiplicar e de dividir! Eu dizia-te sempre que não sabia fazer e tu dizias que só tinha era de saber! Para ser sincera, acho que só hoje cai na realidade, só hoje a saudade apertou, só hoje senti a falta do seu cheiro, da tua voz, das tuas mãos pois quando eu te dava as mãos tinhas sempre as mãos um bocadinho frias, o que achava estranho mas era bom pois era algo unicamente teu e só teu. Lembro-me de pouco tempo depois de me terem dado a noticia da qual o MEU avô tinha seguido um novo rumo, um novo caminho do qual todos nós chegamos a seguir algum sem dia sem qualquer uma excepção, de estar a tomar banho e sentir a tua voz a chamar-me com aquele toque grosseiro tal como só tu tinhas, senti novamente o teu tacto, logo ai provaste-me que estás aqui, eu sei que estás, eu sei que estou a escrever e o tu estás aqui ao meu lado a dizer para eu não chorar, que sou feia assim! Avô, sei que assim estás melhor, não sofres, sabes aqui a vida está difícil, com isto da tia, mas eu sei que vais conseguir pôr algum juízo naquela cabeça, vasi ser só tu, eu sei que sim! Só hoje cai na realidade avô, como é possível, como deixou? Só hoje sinto lágrimas a escorrerem-me pela cara, nunca antes as tinha derramado por ti, sinto um enorme aperto no meu coração, aperto esse de perda, mas eu sei que continuas aqui ao meu lado, e que és o unico que nunca me vai falhar. És o meu anjo da guarda, o meu ídolo, és um exemplo de vida, um exemplo mesmo para agarrar a vida, foste, és e serás sempre o meu melhor avô, aquele que me deu lições de vida que na altura pensei que fosse só conversa,admito, mas hoje dou-te a razão, essas lições ficaram para todo o sempre marcadas! Um dia sei que nos encontraremos ai, e vamos comer outra vez muitas torradas da avó Arminda, e vamos rir muito, vê por todos nós, sabes bem o que vale. Eu sei que continuas aqui, eu amo-o de verdade.